terça-feira, 5 de julho de 2011

Como o conselho escolar pode contribuir para uma gestão democrática

       O fortalecimento dos conselhos escolares contribui para a efetivação de uma gestão democrática participativa, no entanto, o processo de escolha dos diretores envolve muitos desafios, afinal, esta conquista resulta de ações de tomada de decisão coletiva, valorização da cultura da comunidade, divisão de responsabilidades, buscando consolidar a autonomia da escola.     
       Os conselhos escolares favorecem a execução de uma gestão democrática participativa na escola a partir do momento que facilita o envolvimento de todos os membros escolares no processo de tomada de decisão e elaboração dos principais documentos que orientam o trabalho e funcionamento da escola.        
        No entanto, para que se tenha sucesso nesse processo participativo alguns problemas precisam ser enfrentados, principalmente no que se refere ao respeito pelas diferenças, a ampliação dos laços entre comunidade-escola que favorecem o desempenho dos estudantes e a formação crítica, cidadã, conscientes por meio de uma educação de qualidade emancipadora. 
       Outra dificuldade enfrentada é a falta de informação e estudos de alguns membros do conselho escolar, muitas vezes isso dificulta o entendimento de determinadas ações e decisões, por isso é fundamental que se invista em formações continuadas para os membros do conselho escolar.               
        A efetivação da participação pode ocorrer por meio da representatividade, ou seja, dos conselhos escolares, não sendo necessária a presença de todos para todas as decisões da escola, por isso é necessário que exista uma boa representatividade nos conselhos escolares, com representantes de pais, membros da comunidade, professores, funcionários e gestores.    
        Sem dúvidas o processo de eleição para a definição do gestor escolar é a forma mais democrática de escolha, no entanto, não garante que este promoverá uma gestão democrática participativa, apenas se constitui em um processo de escolha democrática, ampliando as concepções de participação, respeito pelas escolhas e cidadania, afinal as eleições diretas para diretores diminuem a corrupção dentro das escolas. A participação do conselho escolar dentro das escolas fortalece os laços participativos gerando mais autonomia e melhorando as oportunidades educacionais oferecidas pela escola.
      

O que é a participação e quais as formas de participação no âmbito escolar

          A participação, no âmbito escolar, consiste na possibilidade de oferecer opiniões e exercer ações que constituem o cotidiano escolar, envolve todos os membros e não existe apenas uma forma de participação. Existem processos de pouca participação e outros que visam ampliar e compartilhar as decisões em atos coletivos, mas nem sempre esses garantem a tomada de decisão.         
           Para que ocorra a participação é preciso repensar as ações, por isso deve-se garantir uma boa infra-estrutura, quadro de funcionários qualificado e apoio estudantil, afinal a participação não se impõe, acontece coletivamente, por isso é necessário um trabalho de conscientização da importância de se participar do processo de decisões, construção do projeto político pedagógico, currículo, regimento escolar, calendário escolar, dentre outros documentos que norteiam o trabalho na escola. A participação de todos os membros escolares na elaboração e implementação das ações compostas nos documentos caracteriza o processo de gestão democrática participativa na escola.         
            Para se conseguir realizar um trabalho democrático dentro da escola deve haver respeito às diferenças, diálogo, liberdade de expressão, fortalecimento da participação estudantil (grêmios estudantis, conselhos de classe), consolidação dos órgãos do colegiado, afinal todas essas ações tem por objetivo promover uma educação de qualidade emancipadora. 

Conselho Escolar e o respeito e a valorização do saber e da cultura do estudante e da comunidade

A cultura e o saber (os hábitos, atitudes, conhecimentos, competências) da comunidade fazem parte da vida dos estudantes a ponto de constituírem a educação que a criança possui e leva para a escola, por isso deve ser considerada como ponto de partida para a aprendizagem dos demais conteúdos ensinados na escola. O papel dos Conselhos Escolares é zelar e acompanhar o trabalho pedagógico a fim de que esses conhecimentos sejam valorizados e agregados os conteúdos do currículo da escola, bem como ressaltados nas práticas pedagógicas, afinal, a cultura, o saber e o patrimônio cultural da comunidade são partes integrantes do currículo e indispensáveis para a formação humana das crianças. 
É através do contato com a diversidade cultural que promovemos o conhecimento, pois cada ser humano é diferente e merece ser respeitado e é essa a função social da escola formar cidadãos conscientes, autônomos, responsáveis, justos e solidários que visem o bem coletivo e a diminuição das desigualdades. Na escola em que trabalho o Conselho Escolar, juntamente com a gestão e o grupo de professores, promovem muitos momentos ao longo do ano para a inserção da cultura da comunidade nas práticas pedagógicas diárias, por exemplo, os professores valorizam o trabalho com as datas comemorativas, realizando projetos envolvendo os pais e comunidade com culminâncias ao final dos projetos, além de incentivar as aptidões artísticas dos alunos como a dança de rua (hip hop), esportes (capoeira), entre outras situações que agregam aprendizado mútuo entre escola-comunidade.

Reflexão sobre a função social da escola

O Brasil, apesar de ser considerado um país rico, sua economia vive em caos, pois a renda é mal distribuída, enfrentando muitas desigualdades sociais, o que tem causado muitas relações de domínio geradas pelo capitalismo. Os interesses sociais é uma luta constante que a população vem conseguindo por meio da democracia, porém esta tem que ser cada vez mais participativa para que ocorram mudanças significativas em nossa sociedade.
É do nosso conhecimento que função da escola é formar cidadãos conscientes (que possuam conhecimento sobre a realidade atual e histórica), reflexivos e participativos. Mas para que a escola consiga formar esses cidadãos ela precisa ser um ambiente que construa conhecimentos (esses tem que estar atrelados a realidade, contexto social do educando), atitudes (corretas, de acordo com a moral, buscando a resolução de problemas por meio do diálogo) e valores (éticos, que tornem o estudante um ser solidário, responsável, crítico, reflexivo, protagonista de sua historia de vida).
            A necessidade de trabalhar com os alunos questões sobre atitudes, valores, solidariedade, crítica, ética e moral, nasce da visão e percepção dos fatos que acontecem em nossa sociedade. Os alunos têm desejo de aprender e a partir do momento em que percebem que faz sentido aprender para melhorar suas vidas fica ainda mais fácil fazer com que percebam que enquanto cidadãos a participação deles é fundamental para a transformação dessa realidade social excludente.      
A apropriação desses saberes são elementos importantes para o processo de democratização da sociedade. O exercício da democracia participativa, por meio da atuação de uma cidadania consciente e comprometida começa dentro da escola, este é o maior exemplo que a escola pode oferecer aos estudantes.
Devemos levar em consideração a contribuição que a escola democrática oferece para a realização de um trabalho escolar que promova o crescimento intelectual, afetivo, político e social dos estudantes, por meio de ações que possibilitam a construção da cidadania participativa com qualidade social, que é solidária aos interesses e as necessidades da maioria da sociedade.